Araguari teve programação especial para a 1ª Semana da Diversidade Cultural LGBT

Araguari foi palco da 1ª Semana da Diversidade Cultural LGBT e também da 7ª parada do Orgulho LGBT entre os dias 01 a 10 de dezembro . As atividades foram gratuitas e houve a arrecadação de alimentos não perecíveis, que serão distribuídos para instituições carentes.

 

A 1ª Semana da Diversidade Cultural LGBT começou no dia 07 de dezembro, quinta-feira, com uma homenagem à Senhora Terezinha Aguiar, de 92 anos, que luta desde a década 70 pela causa LGBT. Como forma de demonstrar atenção ao grupo, ela sempre abriu as postas de casa para as pessoas que eram e ainda são ameaçadas ou que foram expulsas de casa por assumirem sua orientação sexual.

 

“Me sinto muito feliz por receber essa homenagem. Eu ajudei a muitos em Araguari, pois sempre fui contra o preconceito, a exclusão social e a violência; tenho um carinho especial por todos, e carinhosamente chamo a todos de minhas bonecas”, destacou Terezinha Aguiar.

 

Já na sexta-feira (8), o evento Noite da Diversidade e o Concurso Drag Race foram os pontos altos do dia. Beth Princepaul apresentou o concurso “Melhor Show de Drag Queen 2017, e Tatá Camburão homenageou importantes nomes da cidade e da região que lutam em prol da classe LGBT.

 

Beth Princepaul artista, transexual e uma das idealizadoras da 1ª Semana da Diversidade Cultural LGBT, pediu mais amor e respeito. "Essa, mais do que nunca, é a Semana da resistência. Precisamos acabar com todas as formas de intolerância", disse.

 

No sábado (9), foi entregue o Troféu Bruce Dias, em homenagem a um homossexual que lutava pelo espaço na sociedade. Ele foi assassinado por homofobia há aproximadamente cinco anos. A estatueta foi oferecida para pessoas LGBTs, e também para quem luta pela causa. Após a entrega do troféu, aconteceram palestras e uma mesa redonda com o intuito de discutir com a plateia sobre as dificuldades do homossexual na sociedade.

 

“A luta contra o preconceito é diário e incansável. Lutar contra a homofobia é lutar pelo direito de existir, de resistir. Há aqueles que afirmam que tudo isso não passa de `mimimi’, que ser LGBT é uma opção, mas ninguém opta por ser crucificado, apedrejado, rejeitado e excluído diariamente. O Brasil é o país que mais mata transexual travestis no mundo – a cada 28 horas no Brasil um LGBT é morto simplesmente por ser quem é. Ao fazer palestras sobre identidade de gênero e orientação sexual nas escolas públicas, desagradei alguns que, com todo o seu ódio, não entenderam que a minha tentativa era mostrar para a sociedade que a transexualidade, a homossexualidade, a bissexualidade, a assexualidade são tão naturais quanto a cis sexualidade e a heterossexualidade. Em uma sociedade doente, lutar pelo direito cis hétero normativa lutar pelo direito de existir é lutar por regalias˜, declarou Naldo Mota, Professor de física pela secretaria de estado de educação de MG e supervisor de ensino pela secretaria municipal de educação de Araguari, que recebeu o Troféu Bruce Dias pelo trabalho que desenvolve nas escolas do município.

 

"Historicamente, somos uma resistência; tanto eu quanto a querida Mona Moreira fomos muito mais perseguidos do que os que agora militam na causa LGBT. O Brasil não tem uma política pública de fato para a população LGBT. A homofobia é um fato. Praticamente a cada dia morre um homossexual, vítima de homofobia, no país. Se existimos, de alguma forma, é uma resistência”, destacou Luiz Cláudio Costa, organizador da 1ª Semana da Diversidade Cultural LGBT .

 

O último dia foi marcado pela realização da 7ª Parada do Orgulho Gay, no domingo (10), com uma grande festa, shows e apresentações na Praça Getúlio Vargas.

 

De acordo com Pamela Volp, vereadora da cidade de Uberlândia que esteve prestigiando a 1ª Semana da Diversidade Cultural LGBT, o evento é fundamental para manter a resistência. "Acho que a sociedade tem evoluído, mas ainda há muito que melhorar. Temos que evoluir ainda mais", avaliou. Ela disse que o Brasil ainda está muito atrasado, se comparado a outros países nas questões ligadas ao movimento LGBT.

 

Segundo os organizadores, a parada leva para as ruas pessoas que lutam por direitos iguais, que combatem a intolerância, o preconceito e o ódio, dando voz a quem viveu muito tempo à margem da sociedade.

 

“Estamos aqui com essa festa linda para dizer que existimos e temos direito ao respeito de todos. Não somos diferentes em nada das pessoas que possuem a orientação sexual diferente da nossa. Nossos principais inimigos hoje são os preconceituosos, fundamentalistas religiosos, grupos de pessoas dentro de algumas religiões que insistem em nos condenar e retirar direitos já adquiridos. No Congresso Nacional, por exemplo, o debate sobre a criminalização da LGBTFobia é repleto de ataques de parlamentares da bancada religiosa e conservadora, muitos dos quais utilizando-se de suas imunidades parlamentares para disseminar o ódio a uma parcela da população. Seus argumentos? Alguns citam suas visões de fé, como se estivessem em seus púlpitos e não em uma instituição que deveria garantir e se orientar pela laicidade, preconizada na Constituição Federal de 88,” Destacou Tatá Camburão, Artista e Drag Queen.

 

Luiz Cláudio Costa agradeceu a participação de todos na realização da 1ª Semana da Diversidade Cultural LGBT. “Agradecemos a toda a sociedade que nos apóia, aos amigos que nos apoiaram nos momentos mais difíceis durante a elaboração e também durante a execução deste projeto. Agradecemos também ao Prefeito Marcos Coelho, aos Secretários Marco Antônio Farias, da Secretaria de Gabinete, e ao Rafael Guedes, da Secretaria de Governo, que não mediram esforços para a realização da Semana da Diversidade Cultural LGBT e também a toda a equipe da FAEC – Fundação Araguarina de Educação e Cultura, que nos apoiaram de maneira incondicional; o nosso muito obrigada a todos˜, finalizou.

 

 

FOTO: ASCOM